"Se uma mulher conseguir manter o dom de ser velha quando jovem e jovem quando velha, ela sempre saberá o que vem depois"
Não estou sozinha na contramão: muitas de nós têm a mesma
história pra contar.
Mulheres que, quando meninas, rezaram pela cartilha da reverência,
da ordem e progresso, do abafamento do instinto, e que só através desse
aprendizado é que formaram a base e a estrutura necessárias para contestar o
estabelecido e reinventar-se.
Ao observar os desenhos de Picasso quando jovem,
ficamos surpresos com seu academicismo, com seu domínio de anatomia, com a
obediência dos traços. Leva tempo até a gente poder trocar olhos e bocas de
lugar, fundando um estilo e uma regra próprios. Ainda sobrevivem, no entanto,
aqueles que acham que o tempo de rugir é a juventude, ficando para a meia-idade
e a velhice o tempo de perder os dentes. Contesto, meritíssimo.
A juventude é
um receptor de emoções originais, mas também de preconceitos herdados. A
juventude é barulhenta, quando deveria ser astuta. É estabanada, quando deveria
ser observadora.
É arrogante, quando deveria ser humilde, e deveria idolatrar
menos os Kurt Cobains da vida que elegeram como lema "viver dez anos a
mil" e que hoje estão a sete palmos da terra.
Há tempo de sobra para ser
jovem mais tarde, quando temos mais autonomia e menos medo da verdade.
---------
Falo tanto do mundo, acho certas atitudes tão absurdas, acho tudo tão superficial...
Não é o mundo que anda torto. Eu que não aprendi a jogar o jogo. Eu que, não aceitando as atitudes da grande maioria, me sinto cada vez menos inserida em todo esse contexto.
Sou incompetente, mas aceito o adjetivo sem culpa.
Foda-se!
Acho tão difícil sermos nós mesmos que acho gratificante me olhar e me perceber cada vez mais.
Palavras soltas e ínfimas diante do caos do meu pensamento.
Palavras soltas e bobas...
Palavras que podem soar contraditórias no dia de amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário